Câncer de Fígado

É um dos tipos mais comuns de neoplasia maligna no mundo em homens. Cerca de 7,5% dos casos. Vamos entender melhor sobre ele?

O fígado fica localizado na parte superior direita do abdômen, protegido pelas costelas inferiores.

É um órgão de extrema importância, responsável pela degradação e metabolização de muitas substâncias nocivas para o corpo humano, pela produção de bile para a digestão, pela transformação de várias substâncias em nutrientes necessários para o organismo e pela produção de proteínas essenciais para a coagulação e a manutenção do equilíbrio de fluidos no corpo.

Sua capacidade de regeneração é impressionante, resultando na manutenção da integridade da sua função mesmo quando são retirados dois terços do órgão. Seu suprimento de sangue é feito principalmente através da veia porta (veia que drena o fluxo sanguíneo dos intestinos e do baço) e, secundariamente, através da artéria hepática. O sangue deixa o fígado pelas veias supra-hepáticas (direita, média e esquerda), retornando ao coração por meio da veia cava inferior. O fígado é constituído por dois lobos (direito e esquerdo), que são recobertos por uma fina cápsula fibrosa.

As células predominantes no fígado são os hepatócitos. Neles se originam os hepatocarcinomas, um dos tumores malignos mais frequentes do trato digestivo, especialmente em países orientais como a China e a Tailândia.

História geral da doença

O câncer de fígado geralmente começa como um nódulo isolado ou como nódulos múltiplos no interior do órgão. Nas fases iniciais, o crescimento costuma ser lento e assintomático, de modo que, quando o diagnóstico é feito, a doença já se encontra em estágio avançado, comprometendo áreas extensas.

Por essa razão, somente 20% a 30% dos pacientes com hepatocarcinoma apresentam tumor ainda restrito ao fígado no momento do diagnóstico. Os demais já chegam com os linfonodos próximos ao órgão invadidos e/ou com metástases à distância, principalmente nos pulmões, pleuras, peritônio e ossos.

Tipos de câncer de fígado

Carcinoma hepatocelular ou hepatocarcinoma
É o tipo mais comum, responsável por cerca de 90% dos casos dos tumores hepáticos.

Colangiocarcinoma
Responsável por um em cada 10 tumores malignos hepáticos, surge nos ductos que transportam a bile do fígado para o intestino.

Carcinoma hepático, variante fibrolamelar
É pouco frequente e não tem associação aparente com cirrose hepática ou infecção pelos vírus B e C. Tem prognóstico melhor do que o carcinoma hepatocelular comum.

Fatores de risco

Os principais fatores de risco são:

Cirrose
Para quem sofre de cirrose, o risco de desenvolver câncer de fígado no decorrer da vida é da ordem de 1% a 4%. Caso exista associação entre cirrose e infecção pelo vírus da hepatite B, o risco pode subir até 500 vezes, em comparação com o de uma pessoa sem esses fatores.

Infecção pelo vírus da hepatite B
A infecção crônica pelo vírus da hepatite B aumenta 140 vezes o risco de hepatocarcinoma. Cerca de 50% a 60% das pessoas com esse tipo de câncer são portadoras do vírus da hepatite B. Geralmente o intervalo entre a infecção pelo vírus da hepatite B e o aparecimento do câncer de fígado é de algumas décadas. Pacientes do sexo masculino, de origem asiática ou africana, infectados cronicamente pelo vírus da hepatite B há mais de 10 anos e que consomem álcool regularmente correm risco ainda mais alto.

Infecção pelo vírus da hepatite C
A infecção pelo vírus da hepatite C também é fator de risco para os hepatocarcinomas. Pacientes do sexo masculino com cirrose, na faixa etária de 60 a 70 anos, infectados cronicamente pelo vírus da hepatite C e que fumam correm maior risco.

Alimentos que contêm aflatoxina
A aflatoxina é produzida por um tipo de fungo encontrado em alimentos armazenados em condições inadequadas, principalmente amendoim, milho e mandioca.

Doenças metabólicas
Esse grupo inclui a esteato-hepatite não alcoólica (acúmulo de gordura no fígado, cuja incidência aumenta em paralelo à da epidemia de obesidade), além de doenças mais raras, como a hemocromatose, a deficiência de α-1 antitripsina e a tirosinemia.

Lesões pré-malignas
Os adenomas de fígado muito raramente podem sofrer transformação maligna. Os hemangiomas, frequentemente encontrados nas ultrassonografias hepáticas, são lesões puramente benignas.

Uso de esteroides anabolizantes
Usados inadequadamente, aumentam o risco de câncer hepático.

Sintomas

Nos estágios iniciais, o câncer do fígado não costuma causar sintomas, razão pela quais pacientes com cirrose ou infecção crônica pelos vírus da hepatite B e C deve fazer acompanhamento médico rigoroso, com exames de imagem

Ainda assim, quando a doença dá sinais, eles costumam ser:

  • Dor no lado direito do abdômen com irradiação para a região do ombro direito;
  • Cor amarelada da pele e dos olhos;
  • Falta de apetite;
  • Perda de peso;
  • Cansaço;
  • Palidez e febre.

Sintomas da doença metastática
Aumento do volume abdominal causado pelo acúmulo de líquido na cavidade (ascite).

  • Ocorre quando os tumores se disseminaram pelo peritônio (membrana que, como um papel celofane, reveste os órgãos do abdômen e da pelve);
  • Falta de ar ao realizar pequenos esforços: ocorre quando existe disseminação pleural ou pulmonar;
  • Dores ósseas;
  • Podem indicar presença de metástases ósseas.

Prevenção

A melhor forma de prevenir o aparecimento de tumores malignos no fígado é evitar as condições predisponentes, como cirrose alcoólica ou induzida pelas hepatites crônicas (B ou C).

Para não desenvolver cirrose hepática é preciso controlar a quantidade de álcool ingerida, nunca ultrapassando duas doses por dia. Já a transmissão do vírus da hepatite B pode ser prevenida pela vacinação.

Pacientes portadores dessas enfermidades devem ser rigorosamente submetidos a exames de sangue para controlar os valores da AFP e a exames de imagem, como a ultrassonografia, periodicamente a cada seis meses ou um ano, no máximo.

Em caso de imagens duvidosas à ultrassonografia, há necessidade de tomografia computadorizada ou ressonância magnética para esclarecê-las.
Quando se suspeita de um tumor pelos exames de imagem, a biópsia é obrigatória, a menos que as condições clínicas do paciente sejam muito precárias por causa da falência hepática.

Diagnóstico

Apesar de não estar entre as neoplasias mais prevalentes no país, é importante ficar atento, pois quanto mais cedo os médicos conseguirem o diagnóstico, melhor.

Os principais exames para visualizar lesões de fígado são a ultrassonografia, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética. Outro exame útil é a dosagem da alfafetoproteína (AFP), proteína liberada no sangue pela maioria dos tumores hepáticos de natureza maligna.

Quando o quadro clínico e os exames de imagem são altamente indicativos de câncer de fígado e a dosagem de AFP é maior ou igual a 400 ng/ml, o diagnóstico de câncer de fígado pode ser fechado sem a necessidade de biópsia. Caso contrário, a biópsia está indicada.

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